Interação álcool-antimicrobianos

Confira material elaborado pela Coordenação Técnica e Científico do Conselho Federal de Farmácia (CFF)

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O álcool pode alterar o processo de biotransformação e os efeitos farmacológicos de muitos medicamentos comuns e, inversamente, muitos medicamentos podem alterar a absorção e a biotransformação do álcool.

As potenciais interações dos antimicrobianos com o álcool são consideradas em três categorias, as quais têm implicações para o paciente: (i) alterações na farmacocinética e na farmacodinâmica do antimicrobiano e/ou nos efeitos do álcool, (ii) alterações na eficácia do antimicrobiano, e (iii) desenvolvimento ou aumento da toxicidade dos
medicamentos com consequentes efeitos adversos.

A ingestão de álcool, de forma aguda e em grande quantidade, pode inibir o metabolismo de alguns fármacos; por outro lado, o uso frequente de álcool pode aumentar a indução de enzimas no fígado envolvidas na biotransformação de certos fármacos.

Em relação aos antimicrobianos, devem ser verificadas as interações do álcool com o fármaco específico. Por exemplos:

O uso de certos antimicrobianos, como a amoxicilina, azitromicina, penicilina e tetraciclina, não motivam contraindicação formal ao consumo de álcool em pequenas doses, mas não significa que a associação seja totalmente segura.

A ingestão de álcool ou o uso de medicamento que contenha álcool em sua formulação, em associação ao metronidazol, é contraindicada porque pode aumentar o risco de reação semelhante ao dissulfiram (efeito antabuse).  O consumo de etanol, sob qualquer forma (por exemplo, bebidas alcóolicas e preparações que contenham etanol ou propilenoglicol), durante e até três dias após ter descontinuado o tratamento com metronidazol, pode causar o efeito antabuse, com aparecimento de rubor (vermelhidão), vômito e taquicardia (aceleração do ritmo cardíaco).

Obs.: a reação semelhante ao dissulfiram, embora classicamente associada ao metronidazol, ocorre com frequência incerta e com gravidade variada de indivíduo para indivíduo.

eritromicina pode ter eficácia reduzida com o consumo de álcool e a doxiciclina pode ter eficácia reduzida no alcoolismo crônico.

O uso de álcool é contraindicado por pacientes que estão em tratamento com isoniazida devido ao potencial aditivo de toxicidade hepática e risco de efeitos adversos.

O álcool deve ser evitado ao tomar certas cefalosporinas (como por ex., ceftriaxona), cetoconazol ou griseofulvina. O uso destes antimicrobianos com álcool pode causar toxicidade hepática e efeitos

Outros fatores precisam ser considerados, como por exemplo, a idade. Pessoas com 65 anos ou mais têm risco particularmente elevado de sofrer danos, em parte devido às alterações na sua fisiologia relacionadas com a idade e, em parte, ao uso geralmente aumentado de medicamentos que podem interagir com o álcool.

O conhecimento dos profissionais da saúde acerca das possíveis consequências da administração de antimicrobianos por usuários de bebidas alcóolicas é importante para promover a segurança do paciente.

É preciso analisar caso a caso. Em caso de dúvida, consulte o farmacêutico.

 

Para mais informações sobre interações álcool-medicamentos, acesse:

 

Referências

Micromedex® DRUGDEX® (electronic version). IBM Watson Health, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: https://www.micromedexsolutions.com 

Martindale: The Complete Drug Reference [Internet]. London: The Royal Pharmaceutical Society of Great Britain. Electronic version, IBM Micromedex, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: http://www.micromedexsolutions.com/

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National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism - NIH. The Healthcare Professional's Core Resource on Alcohol. disponível em: https://www.niaaa.nih.gov/health-professionals-communities/core-resource-on-alcohol/alcohol-medication-interactions-potentially-dangerous-mixes

Traccis F, Presciuttini R, Pani PP, Sinclair JMA, Leggio L, Agabio R. Alcohol-medication interactions: A systematic review and meta-analysis of placebo-controlled trials. Neuroscience & Biobehavioral Reviews. 2022; 132: 519-541. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2021.11.019.